segunda-feira, 27 de abril de 2009

Homenagem contemporânea ao Deus Príapo

Admitamos que a loiça das Caldas é erótica, coisa que para muitos não é. Se é loiça e, portanto, cerâmica, pertencerá ao Museu da Cerâmica, que lhe dará o enquadramento e a dignidade que esta tradição poderá merecer.
Não pertencerá, por isso, a qualquer outro museu de sucesso duvidoso, cópia brejeira de um Museu em Paris, que um jornalista caldense, por sinal falocentrado, por acaso visitou.  Se é de cerâmica que falamos, então, não falamos de "falo parades", uma parada de pilinhas pela cidade, emblema de uma cultura marialva, responsável por anos de opressão e violências simbólicas várias sobre as mulheres. 
Por isso, se é também de confrarias, que falamos, o que traduzindo significa, reunião de frades, falamos de homens reunidos em torno de um Deus do Falo. Uma confraria de homens e para homens centrados não no seu umbigo, mas na sua pilinha.  Como se designarão os membros femininos desta  confraria?

3 comentários:

Quim Caldas disse...

Nunca me passou pela cabeça que a loiça das Caldas fosse erótica!Será que alguém a considera assim?Julgo que não.
Os cultos fálicos e venusianos acompanham a humanidade desde os primórdios.Nunca me pareceu que os "... das Caldas" estivessem ligados a formas de marialvismo ou dominação/submissão feminina,vejo-os apenas um comércio de recuerdos como qualquer outro.Estarei enganado pelo facto de ser homem?
O jornalista falocentrado é que não sei mesmo quem é!Podemos ao menos saber se é da Gazeta ou do Jornal das Caldas?

Maria Paciência disse...

Caro leitor,
O problema, claro, não é a loiça das Caldas. Essa merece atenção, contextualização, problematização. É um comércio de recuerdos, sem dúvida, e, pode, até, participar desses cultos fálicos ou da fertilidade. Quanto a isso, caro leitor, não está enganado.
O que deriva de uma cultura marialva são as ideias peregrinas de uma "parada de falos" ou um concurso do "falo do ano", isso sim, roça a boçalidade de uma cultura marialva responsável por violências simbólicas (e não só) e de opressão sobre as mulheres. Por isso, ser uma "confraria" e não uma associação adquire, por si só, um significado duvidoso.

Larroz disse...

Desculpa, Maria Paciência, ando a citar-te por aí ainda por cima sem direito a nota de rodapé.